SAÚDE ÚNICA NA CHAPADA DIAMANTINA
COVID 19 E OUTRAS ZOONOSES
Auditório do CACD/UEFS com transmissão pela TV UNEB Seabra
25 de março de 2022 - 08:30-12:30
SAÚDE ÚNICA NA CHAPADA DIAMANTINA FOI TRANSMITIDO PELO YOUTUBE DA TV UNEB SEABRA
SAIBA MAIS SOBRE O SEMINÁRIO saúde única na chapada diamantina
O reconhecimento da inter-relação entre seres humanos, outros animais e o meio ambiente, formando um sistema complexo é a base do conceito de Saúde Única. A atenção voltou-se para este tema no início dos anos 2000, quando foi publicada a estimativa de que 61% dos patógenos humanos já descobertos eram zoonóticos (Taylor, Latham & Woolhouse, 2001). A Saúde Única é “uma abordagem colaborativa, multissetorial e transdisciplinar – trabalhando em níveis locais, regionais, nacionais e globais – para alcançar os melhores resultados de saúde e bem-estar, reconhecendo as interconexões entre pessoas, animais, plantas e seu ambiente compartilhado” (King, 2015).
Na abordagem da Saúde Única, diferentes disciplinas fornecem subsídio metodológico e técnico para a implementação de serviços e políticas públicas em benefício da humanidade e dos animais, conservando o ambiente e respeitando comunidades tradicionais. A abordagem transdisciplinar e multiprofissional da saúde única visa promover ferramentas de previsão, detecção, prevenção e controle de riscos infecciosos e outros problemas que afetam a saúde, alinhada aos objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) (Schneider, Munoz-Zanzi & Min, 2019).
Nas últimas décadas, eventos zoonóticos como os surtos das variantes do vírus influenza A, envolvendo animais de produção, do vírus ebola na África, envolvendo morcegos e primatas não humanos, e do Mers-CoV 89 no Oriente Médio, envolvendo morcegos e camelos, ameaçaram a saúde e a economia do mundo (CDC, 2020). Até o momento, sete coronavírus que podem causar infecções em humanos são conhecidos. O primeiro deles, o Sars-CoV, ocasionou a epidemia em 2003 envolvendo civetas e morcegos (Poland, 2020).
A origem do vírus Sars-CoV-2 provavelmente envolve também morcegos, reservatórios frequentes de coronavírus. O estreitamento das relações humano-animal e a invasão de áreas silvestres cria condições propícias para que a transmissão interespecífica de patógenos e seus vetores ocorra (OIE, 2020). O surgimento da Covid-19 e suas implicações na saúde da população, na economia e impactos nos sistemas de saúde, enfatizam a importância da visão de saúde única para promover a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável.
O Brasil é considerado o quarto país do mundo em número de animais de estimação, com aproximadamente 37,9 milhões de aves e 2,2 milhões de outras espécies silvestres, incluindo répteis e pequenos mamíferos. Ainda hoje, muitos animais silvestres criados em cativeiro são obtidos de forma irregular, contribuindo para o tráfico e para o aumento do risco da emergência de novas zoonoses. Os animais silvestres, principalmente morcegos, roedores e primatas não humanos, são reservatórios de muitos vírus e outros agentes infecciosos.
O modo de ocupação do meio ambiente pelos humanos é um fator determinante na dinâmica que resulta em surtos, epidemias e pandemias. O aumento no número de vetores devido à ocupação desordenada e à falta de saneamento, aglomerações humanas, rápida mobilidade geográfica e a exploração predatória dos recursos naturais contribuem para a ampla transmissão de agentes infecciosos.
Para prevenir zoonoses e promover a saúde integral, devemos criar encontros que debatam e criem estratégias para a preservação de ambientes naturais, para o combate ao comércio de animais silvestres e para a realização de vigilância epidemiológica em humanos e outros animais. Ações integradoras de capacitações, nos diferentes níveis interdisciplinares e multissetoriais, são essenciais para a investigação conjunta de surtos e situações de risco e tomadas de decisões estratégicas e assertivas.
Partilhar amplamente informações e conhecimentos científicos permite o desenvolvimento de sociedades civilizadas, humanizadas, racionais e democráticas. Para além de produzir ciência responsável e de qualidade, é essencial que ela se torne um bem público, visto que deve estar a serviço do bem-estar social e do desenvolvimento sustentável. A extensão é um dos pilares de formação da estrutura universitária brasileira, junto com o ensino e a pesquisa. Compartilhar o conhecimento científico, para além dos muros do ambiente universitário, contribui para a qualificação e diversificação do debate científico, além de promover articulações políticas e acadêmicas intersetoriais.
A Chapada Diamantina encontra-se localizada na porção norte da Serra do Espinhaço, com aproximadamente 1000 km de extensão, no sertão do Estado da Bahia, Brasil (SILVA et. al., 2020). Possui um ecossistema composto por diferentes tipos de vegetação, dentre os quais: a Caatinga, com uma vegetação xerófila, dominando regiões mais baixas, com cerca de 500-1000 m de altitude; o Cerrado, com vegetação de campos rupestres, predominante nos topos das montanhas, acima de 1000m de altitude; e as suas encostas orientais possuem vegetação de floresta estacional semidecídua, típica da Mata Atlântica, em uma altitude acima de 1600 m, compondo uma floresta com clima úmido entre os campos rochosos das montanhas (MEDEIROS et. al., 2021).
O aumento do ecoturismo no Brasil e a procura por viagens com aventura, as mudanças climáticas, a heterogeneidade da fauna e flora da Chapada Diamantina e as perturbações antrópicas, dentre os quais pode-se destacar o contato direto entre turistas e a população nativa, além do contato, mesmo que indireto, com animais silvestres na região, são fatores que podem ser considerados de risco para novas infecções.
O evento tem, portanto, como objetivo integrar o debate científico e político de questões relacionadas à pandemia de Covid-19, sob a óptica da Saúde Única, no Território da Chapada Diamantina, permitindo a integração entre estudantes, profissionais e comunidade externa através desse evento de extensão.
PROGRAMAÇÃO
Esta programação está sujeita a alterações sem aviso prévio, devido a eventuais ajustes devido às necessidades ou disponibilidade dos palestrantes
CLIQUE PARA ACESSAR TODA A PROGRAMAÇÃO
08h00 – Credenciamento
08h20 – Abertura
08h30 – One Health, One Planet, One Health Brasil, Christina Pettan Brewer (University of Washington, Fulbright One Health, Rede One Health Latin América/Ibero Caribe)
10h00 – Covid em Populações sob Vulnerabilidade, Alexander Welker Biondo, Universidade Federal do Paraná/UFPR, Purdue University
10h45 – Projeto COVID-Pets, Louise Nicolle Bach Kmetiuk, Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ/PR
11h15 – COVID, ZOONOSES, UEFS: um olhar para a Chapada Diamantina, Aristeu Vieira da Silva, Grupo de Pesquisa em Zoonoses e Saúde Pública, Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS
11h30 – Discussão Final
12h30 - ENCERRAMENTO
PALESTRANTES
Esta programação está sujeita a alterações sem aviso prévio, devido a eventuais ajustes devido às necessidades ou disponibilidade dos palestrantes